segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

(In)felicidade

A felicidade de nossas vidas é sustentada por uma ótica constantemente falsa. Sonhamos com o futuro e dizemos: ah!, como serei feliz...; olhamos para trás e suspiramos: ah!, como fui feliz...; agora, lamentamos: ah!, como sou desgraçado... No presente, somos seres infelizes rodeados de felicidades distantes, mas perto das quais o sofrimento atual parece desprezível. O presente é uma ilha de infelicidade rodeada por um mar de alegria. O fato, entretanto, é que nunca mergulharemos nesse mar, pois ele é uma ilusão que inventamos para tentar justificar nossa miséria. Mesmo assim, nunca nos deixaremos desiludir. Somos infelizes absolutamente convictos de que a felicidade existe — esteja ela onde estiver, está à nossa espera, pois sua mão nos foi prometida durante a infância. Não importa que nesse particular nossas vidas resumam-se uma série de decepções: nunca admitimos que tudo é areia, nunca admitimos que fomos enganados. Podemos estar certos de que, se a felicidade fosse uma pessoa, ela estaria presa, mas isso não nos prova nada. A felicidade nos sorri como uma miragem, e nós acreditamos que dessa vez pode ser real: acreditemos naquela que sempre nos tapeou!

Um comentário:

  1. De certa forma é este estado ilusório de felicidades o que nos mantém andando, pelo menos acho.

    Muito bem escrito!

    ;D

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